sexta-feira, 28 de junho de 2013

Mobbing e Bullying em contexto laboral

O que são Mobbing e Bullying?

Mobbing e Bullying são termos comummente considerados como sendo sinónimos (Namie, 2003, citado por Sperry, 2009).
No entanto podem definir-se do seguinte modo:

Mobbing:
Forma de assédio não-sexual de um trabalhador por parte de um grupo de outros funcionários de uma mesma organização com o intuito de levar esse indivíduo-alvo a abandonar a organização ou departamento da mesma. Pode envolver indivíduos, grupos ou dinâmicas organizacionais, resultando na humilhação, descredibilização, desvalorização do indivíduo-alvo, com consequente perda de reputação profissional e afastamento do indivíduo da empresa seja por término de contrato por parte da empresa, por parte do indivíduo-alvo, ou por baixa médica. O Mobbing apresenta dois níveis de gravidade (moderado ou muito severo), sendo sempre uma experiência traumatizante que implica perdas significantes a nível profissional, financeiro, psicossociais, entre outras (Sperry, 2009).

Bullying:
Forma de comportamento abusivo e prejudicial dirigido a um alvo (ou alvos) ou vítima específico(s) por parte de um (único) elemento agressor. O Bully pode ser um colega ou supervisor. Embora os restantes membros da organização não estejam envolvidos, podem ser testemunhas das agressões. Agressões essas que apresentam carácter semelhante às
de uma situação de Mobbing. Ao contrário do Mobbing, o Bullying apresenta pouco ou nenhum envolvimento organizacional directo, afigurando-se como uma forma menos severa de abuso em contexto laboral (Sperry, 2009).



Formas de Mobbing/Bullying (exemplos) 
Rayner & Hoel (1997):
  • Ameaça ao estatuto profissional (exemplos)
    - Desprezar as opiniões
    - Humilhação profissional pública
    - Acusações infundadas (por exemplo, de falta de esforço, de não ser confiável, etc.)

  • Ameaça à integridade pessoal (exemplos)
    - Insultos
    - Intimidação
    - Desvalorização (por exemplo, em razão de idade)

  • Isolamento (exemplos)
    - Impedir o acesso a oportunidades
    - Isolamento físico ou social (impedir o contacto com outras pessoas dentro e fora da empresa)
    - Omissão de informação

  • Imposição de volume exagerado de trabalho (exemplos)
    - Pressão incomportável
    - Deadlines impossíveis de concretizar
    - Disrupções desnecessárias

  • Desestabilização (exemplos)
    - Falhar a atribuição do crédito devido
    - Atribuição de tarefas sem importância
    - Retirar responsabilidades

    - "Minar" a autoridade   
    - "Atirar em cara" erros passados repetidamente
    - Promover o insucesso de forma propositada



Características do Agressor

  • Brodsky (1976, citado por Rayner & Hoel, 1997): Os bullies buscam o poder ou privilégios de algum nível, sendo que algumas posições hierárquicas permitem facilmente que adoptem este tipo de comportamentos. Os bullies apresentam falta de competências de liderança.
  • Crawford (s/d, citado por Rayner & Hoel, 1997): O bully é alguém que falhou na aquisição de competências para resolução de conflitos de forma eficaz, durante a infância.
  • Einarssen, Raknes, & Matthiessen (1994, citados por Rayner & Hoel, 1997): O bully apresenta falhas ao nível das competências de liderança, como sendo conflituoso e tendo insuficiente controlo sobre o (seu) trabalho.
  • Ashforth (1994, citado por Rayner & Hoel, 1997): O bully apresenta falhas ao nível das competências de liderança.
  • Rayner (1997, citado por Rayner & Hoel, 1997): Os bullies são normalmente identificados como gestores ou gestores sénior dos seus alvos.
  • Judge, LePine, & Rich (2006, citados por Johnson, Silverman, Shyamsunder, Swee, Rodopman, Cho, & Bauer, 2010): Os funcionários com personalidades narcísicas vêem-se como tendo mais e melhores competências de liderança, tendo em melhor conta o seu trabalho e conduta, em comparação com as opiniões dos seus colegas, superiores e subalternos.
  • Edwards (1992, citado por Roscigno, Lopez, & Hodson, 2009); Jacoby (2004, citado por Roscigno, Lopez, & Hodson, 2009): A supervisão pessoal directa continua a ser uma estratégia de controlo interpessoal que deixa os gestores e supervisores com poucas ferramentas motivacionais além da ameaça e o abuso, promovendo o escalamento de ciclos de abuso, enquanto os supervisores/gestores se vão tornando déspotas tácticos.
  • Hegtvedt & Johnson (2000, citado por Roscigno, Lopez, & Hodson, 2009); Edwards, Collinson & Rees (1998, citado por Roscigno, Lopez, & Hodson, 2009): A desorganização constitui uma falha na gestão, impedindo o bom funcionamento da empresa.
  • Glendinning (2001, citado por Roscigno, Lopez, & Hodson, 2009): Na ausência de competência, coerência e organização eficaz, os gestores/supervisores limitam-se a recorrer ao bullying para se certificarem de que o trabalho é realizado.

Consequências para a Vítima

  • Sintomatologia somática
  • Sintomatologia associada ao Stress (Síndroma de Burnout, PTSD)
  • Sintomatologia depressiva, com aumento do risco de suicídio
  • Absentismo
  • Fadiga mental e cansaço físico
  • Alterações dos padrões alimentar e de sono
  • Anedonia 
  • Irritabilidade e tendências agressivas
  • Isolamento 
  • Tendência para a fuga
  • etc.

A Legislação Portuguesa

Código do Trabalho de Portugal
(Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro)

DIVISÃO II
Proibição de assédio
Artigo 29.º (Assédio)
1 — Entende-se por assédio o comportamento indesejado, nomeadamente o baseado em factor de discriminação, praticado aquando do acesso ao emprego ou no próprio emprego, trabalho ou formação profissional, com o objectivo ou o efeito de perturbar ou constranger a pessoa, afectar a sua dignidade, ou de lhe criar um ambiente intimidativo, hostil, degradante, humilhante ou desestabilizador.
2 — Constitui assédio sexual o comportamento indesejado de carácter sexual, sob forma verbal, não verbal ou física, com o objectivo ou o efeito referido no número anterior.
3 — À prática de assédio aplica-se o disposto no artigo anterior.
4 — Constitui contra-ordenação muito grave a violação do disposto neste artigo.


PROJECTO DE LEI N.º 252/VIII
Em discussão no Parlamento.


O que fazer?

Ana Teresa Verdasca, investigadora do SOCIUS (Centro de Investigação em Sociologia Económica da Universidade Técnica de Lisboa) e autora do site Assédio Moral no Local de Trabalho, recomenda num artigo seu que se tomem em consideração os seguintes aspectos: 


  • Verificar a existência de «uma política organizacional vocacionada para gerir situações de assédio moral»;
  • Procurar ajuda, solicitando apoio junto «dos Representantes de Saúde e Segurança Ocupacional, junto da Comissão de trabalhadores, Departamento de Recursos Humanos ou Representante Sindical.»;
  • Manter um «registo dos factos» (quando e onde ocorreu, o que foi dito e/ou feito, como se sentiu, eventuais testemunhas; registos dos factos, tais como emails, cartas, etc.);
  • Abordar o agressor (caso se sinta confortável e seguro o suficiente, aborde o agressor, informe-o de que o tipo de comportamento é desadequado, indesejado e inaceitável, e que não tolerará a sua repetição);
  • Recorrer a «serviços de aconselhamento», por exemplo, o Departamento de Pessoal, a Comissão de trabalhadores, Delegado Sindical ou o Representante de Saúde, Segurança e Higiene no Trabalho, o seu Médico de Famíliae, caso necessário, um Psicólogo;
  • Utilizar «procedimentos formais», apresentando formalmente queixa da situação;
  • Contactar o «Representante de Segurança e Saúde Ocupacional».
 
Referências Bibliográficas

Assembleia da República (2009). Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro, Retirada a 28 de Junho de2013 de http://dre.pt/pdf1sdip/2009/02/03000/0092601029.pdf
 

Johnson, R. E., Silverman, S. B., Shyamsunder, A., Swee, H.-Y., Rodopman, O. B., Cho, E., & Bauer, J. (2010). Acting Superior But Actually Inferior?: Correlates and Consequences of Workplace Arrogance. In Human Performance, 23, 403–427. 

Rayner, C. (1997). The Incidence of Workplace Bullying. In Journal of Community & Applied Social Psychology, 7 (3), 199–208.

Rayner, C., & Hoel, H. (1997). A Summary Review of Literature Relating to Workplace Bullying. In Journal of Community & Applied Social Psychology, 7 (3), 181–191.

Roscigno, V. J.; Lopez, S. H., & Hodson, R. H. (2009). Supervisory Bullying, Status Inequalities and Organizational Context. In Social Forces, 87(3), 1561–1589.

Sperry, L. (2009). Mobbing and Bullying: The Influence of Individual, Work Group, and Organizational Dynamics on Abusive Workplace Behavior. In Consulting Psychology Journal: Practice and Research, 61(3), 190–201.

Verdasca, A. T. (s/d). Como Agir?, Retirada a 28 de Junho de 2013 de http://www.assediomoralonline.com/userfiles/file/COMO%20AGIR.pdf

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Seguros de Saúde: Ordem dos Psicólogos Portugueses - AXA Portugal

Porque não é demais recordar...

Sabiam que a Ordem dos Psicólogos Portugueses e a AXA Portugal estabeleceram um Protocolo que visa a comparticipação de um Seguro de Saúde que inclui as consultas de Psicologia?

OPP assina protocolo com AXA Portugal

Seguro de saúde contempla consultas de psicologia


«A Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) e a AXA Portugal, Companhia de Seguros S.A., estabeleceram através da SABSEG S.A. um protocolo que permite que os Clientes AXA passem a ter acesso a consultas de psicologia comparticipadas pelos seus seguros de saúde, desde que contratada a respectiva cobertura.

No âmbito deste protocolo, as pessoas seguradas podem usufruir de consultas de psicologia em pacotes de 12 ou 18 sessões, de acordo com as suas necessidades e sem obrigatoriedade de pré-aviso. Paralelamente, as pessoas seguradas não dependem de outro profissional de saúde para lhes prescrever a consulta, podendo, simplesmente, marcar a consulta directamente com um psicólogo devidamente inscrito na Ordem. De salientar que durante as próximas semanas a OPP irá fornecer mais informações em relação a esta cobertura que, refira-se, ficará disponível durante o mês de Abril de 2013.
Com a assinatura deste protocolo, a Ordem dos Psicólogos Portugueses e a AXA Portugal pretendem contribuir para o bem-estar dos utentes, os quais passam a usufruir de um âmbito mais alargado de cobertura, incluindo agora as consultas de Psicologia.»

PSP: «Concerto de Palmo e Meio»

Gostamos desta iniciativa!

PSP

Concerto de Palmo e Meio

PSP organiza mais um concerto para bebés e crianças nas instalações da Direção Nacional.

No próximo sábado, 29 de Junho, às11h00, a Polícia de Segurança Pública (PSP) realiza na Direção Nacional da PSP mais um Concerto de Palmo e Meio, que tantos bons momentos tem proporcionado a miúdos e graúdos nos últimos meses.

Porque o verão chegou e as temperaturas convidam a ambientes mais frescos, este concerto ocorrerá no Salão Nobre da Direção Nacional pois é tempo celebrar a alegria, a boa disposição e as melodias para as crianças com a «temperatura certa». No entanto, os claustros estarão abertos para que os que pretendam brindar ao sol o possam fazer em pleno.

O concerto contará com algumas surpresas dirigidas à pequenada: o concerto da Banda Sinfónica da PSP, a presença do Falco (a mascote oficial da PSP) e um lanche com o apoio da Sumol/Compal (Um Bongo) e da Padaria Portuguesa.

A entrada é gratuita, mas os lugares são limitados a 50 crianças para que possam ser garantidas condições ótimas para desfrutar deste momento único.

Informações úteis

Data e hora: 29 de junho de 2013, das 11h00 às 11h45. A chegada deverá ser feita por volta 10h30.

O Concerto de Palmo e Meio é gratuito, mas requer inscrição prévia.

Envie um e-mail para protocolo@psp.pt com o assunto Concerto para bebés ou telefone para o número 218 111 087.

É necessário indicar a idade da(s) criança(s) e informar quem são os adultos que a(s) acompanharão.

A PSP disponibiliza alguns lugares de estacionamento.

Local

Direção Nacional da PSP

Largo da Penha de França, nº 1

1170 – 298 Lisboa

Atividades de Verão com a Bússola D'Ideias e a Academia Virtual das Letras

Já se inscreveu nas nossas atividades de Verão?

Ainda há algumas vagas! Aproveite! Ainda vai a tempo!


quarta-feira, 26 de junho de 2013

Compreender o Preconceito

Deixo-vos uma página com um vídeo acerca de uma experiência interessantíssima sobre o preconceito.

Aqui vai o link.

Deixem os vossos comentários sob a forma de mensagem ou, caso prefiram, enviem-nos para nube@bussoladideias.pt.

PÚBLICO: «Adolescer em tempo de crise»

Para reflectir.



Descrevemos como susto a idade adulta não dando, aos adolescentes e aos adultos em geral, a ideia de que é ao ser adulto que se tem a maior liberdade, a maior capacidade de decisão e quando se é verdadeiramente mais senhor do próprio destino e do seu percurso de vida. 

A lavagem do carro 
Imaginem que levam o vosso carro à máquina de lavagem automática. Dirigem-se a uma gasolineira, conduzindo-o, e seguem as instruções da pessoa que lá está. Ele vai dizendo: "mais à direita, mais à esquerda, assim… pode parar!". A partir daí, a máquina pegará no automóvel e, por mais que o leitor faça, não conseguirá mudar o rumo das coisas, designadamente do seu automóvel. O que for, será.

A grelha da máquina «agarrará» nas rodas do carro e levá-lo-á por aí, em direção a umas ameaçadoras escovas e a jactos de água, que despejarão detergente e espuma (o leitor deixará de ver o que se passa), depois mais água e, finalmente, uma outra máquina ameaçadora, que vem em direção ao seu vidro e – confesse, leitor! – pensará sempre que aquela barra que despeja jactos de ar quente não perceberá que tem um vidro, um carro e o leitor à frente e fará uma razia em linha recta, decapitando-o.

No final deste filme, o leitor ficará satisfeito com o trabalho, o seu carro está limpo e brilha, sobretudo se tiver pedido o programa mais caro mas mais completo, e segue então viagem, novamente com poder sobre o volante e sobre o rumo do seu destino.

A adolescência é assim. Tão fácil? Ou tão difícil? 

O que é um adulto? 
Ou, melhor, escrevendo o que dizemos nós adultos, aos adolescentes sobre o que é ser adulto. Pegue-se num telejornal, num jornal ou numa revista: tirando algumas excepções (bastantes, mas não as suficientes), os adultos são descritos como assassinos, pedófilos, corruptos, mentirosos, gente de objectivos rasteiros, gente que aparece porque está "in" e está "in" porque aparece o inefável jet set, grandes traficantes, maus políticos, exploradores e outros que tais. Ou, então, as vítimas desses mesmos adultos. Nós próprios ao falarmos de nós queixamo-nos permanentemente do trabalho, do cansaço, do IRS, do fisco, do Governo, da malandragem, da troika e dos ladrões e… de tudo. Ser adulto é, pois, uma questão simples. Ser adulto equivale, assim, a uma de duas coisas: ser malandro ou ser vítima de malandro.

O discurso sobre a adultícia ainda é pior, quando acrescentamos a Rádio Nostalgia: a criança que há em nós, a liberdade da infância, os bons velhos tempos em que éramos jovens e não tínhamos responsabilidades.

No entanto, a cereja no topo do bolo é quando dizemos – talvez com razão, mas com alguns efeitos secundários indesejáveis – que os erros do passado e detectados no presente vão ser pagos (e de que maneira!) pelas gerações seguintes. Não discuto se é verdade ou mentira que cada português, ao nascer, já está a dever balúrdios a toda a gente, seja aos mercados, seja à senhora Merkel. Que sei eu! Mas para quem está na adolescência, a ver-se, qual automóvel em máquina automática de lavar, engatilhado nas roldanas sem poder acelerar, travar, virar à esquerda ou à direita e quando lhe dizem que as escovas que vêm aí são terríveis, a dúvida é o que vai sair do outro lado. Um carro limpo e brilhante, ou uma amálgama de ferros torcidos e a pintura riscada de modo indelével?

Teremos, assim, de mudar o discurso sobre a adultícia, mais do que repetir os chavões do costume sobre a adolescência – período descrito por muitos pais como "terrível", cheio de problemas e um susto. O que descrevemos, sem dar por isso, talvez, como susto é a idade adulta, não dando aos adolescentes e aos adultos em geral a ideia de que é, ao ser adulto, que se tem a maior liberdade, a maior capacidade de decisão e quando se é verdadeiramente senhor do próprio destino e do  percurso de vida. 

Ser adolescente em tempo de crise 
O nosso país está em crise, o mundo está em crise. Que grande novidade… Não sabemos o que o futuro nos reserva, os tempos estão e serão difíceis. Que grande novidade… Os jovens nem sabem o que os espera! (e alguém sabe?).

Curiosamente, o facto de as sociedades terem vivido períodos enormes de crise, da palavra crise significar "crescimento e oportunidade", de esta crise se dar (no nosso país) em níveis de desenvolvimento nunca antes atingidos e de as gerações anteriores terem, elas mesmas, passado sempre "as passas do Algarve", parece ser obliterado, branqueado, esquecido. É como se o mundo, antes de nós, fosse uma maravilha e o futuro um buraco negro para onde, sem hipóteses de fuga, avançamos.

Quem viu o filme de Woody Allen, Meia Noite em Paris, recordar-se-á da vontade de muitas das personagens em regressar à geração anterior, com a ilusão de que o mundo era muito melhor do que é no tempo em que vivem. O próprio realizador comentou, numa entrevista, com o sarcasmo que lhe é conhecido: "prefiro viver num mundo cheio de problemas mas com antibióticos!". A ideia de que "antes é que era bom" é errada. "Antes" poderia ser bom para alguns, mas era muito mau para a larga maioria. O presente – então em Portugal, isto assume proporções quase gigantescas – é muito melhor do que o passado, pelo que é previsível (é certo!) que o futuro será melhor do que o presente. Só que, em termos históricos, o futuro não se escreve num dia ou num ano, e também não apenas numa dimensão económica, mas sim em décadas e em diversas perspectivas: a económica e financeira, com certeza, mas a social, ética, cultural, etc. As gerações dos nossos pais e avós passaram tempos terríveis: II Grande Guerra, Guerra Colonial, ditadura fascista… tanta coisa de que, felizmente por um lado, infelizmente pelo outro, os adolescentes não conhecem e os adultos já esqueceram. Quem tinha 18 anos no 25 de Abril terá agora 55… 

Que solução? 
É bom que o nosso discurso mude, deixando vitimizações de lado e a conversa fiada da infelicidade, da perseguição pelos outros e pelo Estado, e do quão coitadinhos somos. É importante, na minha opinião, que os nossos filhos saibam várias coisas e que isso seja acentuado:

1. Que ser adulto é ter uma fase da vida de enorme liberdade, e que essa liberdade será tanto maior quanto a pessoa decidir, desde cedo, ser senhor do seu percurso de vida e entender os graus de liberdade que tem relativamente a ele, através das escolhas correctas e da reflexão e ponderação sobre essas escolhas – quem pensar que está tudo predestinado ou que o que decidir hoje não tem impacte no amanhã estará, sim, a cavar um futuro perigoso. As teorias do carpe diem, ou do "viver cada dia como se fosse o último", por muito gentis e engraçadas que sejam, esquecem-se de um pequeno pormenor: é que tudo seria correcto se morrêssemos amanhã mas se não morrermos – o que será certamente o caso – o nosso futuro será mais difícil e pior se hoje não pusermos as pedras adequadas na calçada do nosso percurso de vida.

Ter a cabeça nas nuvens mas os pés bem assentes na terra parece-me uma solução engenhosa, criativa e eficaz…

2. Que as crianças e adolescentes têm uma vida como nunca tiveram em bens, liberdade, educação, opções de produtos e bens, conhecimento científico, acesso à informação e ao conhecimento, equipamentos, sociedade legislada e organizada, enfim, uma vida que as gerações anteriores ambicionariam ter e que construíram – não foi apenas a crise que lhes legaram, mas sobretudo uma sociedade de tolerância, democracia e liberdade.

Nunca, como hoje, se viveram tempos de tanto respeito pelos direitos humanos, de abundância e tanta qualidade de vida. Esta afirmação é fundamentada em factos, não é apenas opinativa.

3. Que o "quero tudo, já!" que reflecte o regresso à fase da omnipotência narcísica dos 15-18 meses de idade, e que muitas das crianças e adolescentes veem consagrado no seu dia-a-dia com pais que lhes dão tudo sem esforço e sem conquista, que consagram os seus desejos ao mínimo "piu", não esclarecendo que as expectativas não podem ser iguais à realidade e que é através do trabalho, da sabedoria, e da vida, no seu percurso, que se irão obter mais e mais coisas, tem de acabar porque não é exequível nem justo. O "quero tudo, já!" que se viu concretizado nos cartõezinhos mágicos que bancos e lojas davam às pessoas (como se fosse possível ter crédito ilimitado sem que alguém viesse depois pedir contas e juros, ou até mesmo como se fosse lógico, ético e moral contrair dívidas para gozo efémero e imediato sem que, no futuro, isso viesse a cair sobre quem as contraiu), tem de acabar com o "não!" que dizemos aos nossos filhos de ano e meio ou dois anos, quando nos pedem mundos e fundos.

O "não" é estruturante, desde que dito com afecto e firmeza, coerência e consistência. Seria aliciante não haver código da estrada, mas o caos no trânsito que se seguiria seria um preço demasiado caro a pagar, para lá da ineficácia e de não chegarmos a lado nenhum por termos tudo entupido à nossa frente. Com o percurso de vida é igual, embora as margens do rio não devam ser nem tão estreitas que o rio entra em torrente, nem tão largas que o rio alaga tudo e não progride.

4. Que a vida é difícil, em alguns períodos mais, noutros menos, que há épocas de vacas gordas e outras de vacas magras, mas que a sábia gestão de bens, expectativas, desejos e trabalho, numa óptica estratégica e táctica, pode conseguir airbags que evitam males maiores e permitem uma boa navegação ao longo da vida.

Sem estar com um discurso do "Ó tempo volta para trás", é bom relembrar a história dos pais, da família, da comunidade, do país… porque a memória é curta, e muito mais quando houve uma revolução paradigmática em termos de informação e comunicação.

5. Que ser adolescente em tempos de crise é normal, porque a crise é inerente a todas as fases da vida, incluindo a adolescência e talvez até mais pela velocidade de crescimento, desenvolvimento, autonomia, identidade, projectos, afectos e outras coisas que tal e que cada um poderá dar a volta à crise se mantiver a lucidez, tentar a excelência de si próprio, esforçar-se por conseguir ultrapassar-se e assumir o aperfeiçoamento como objectivo de vida.

Os filhos não são nem podem ser a segunda edição do nosso livro, mesmo que com algumas correcções e emendas, e uma nova capa. Os filhos são o livro deles, com algumas dicas da nossa parte mas escrito por eles. Adolescer em tempos de crise é quase um pleonasmo. Mas, em todas as fases da vida, vivemos em crise, entrecortada por períodos de acalmia, de reflexão e também de fruição do que se foi estruturando e organizando, mas se a seguir à tempestade vem a bonança, como diria La Palice, a seguir à bonança virá necessariamente uma tempestade.

Continuemos a apoiar os nossos filhos, no seu processo de crescimento, segundo os princípios e valores que são os nossos, mas com uma grande capacidade de ouvir, escutar, dialogar, negociar e respeitar. Reciprocamente.

E mostremos – para nosso bem, igualmente –, que ser adulto é bom. Que o carro que vai sair do outro lado da máquina de lavar, depois da ameaça daquelas enormes escovas azuis que avançam à velocidade quase da luz, com barulhos e tremores, depois da nuvem branca de espuma que não nos deixa ver nada e da outra grande máquina de ar quente que avança em direcção a nós, o carro sairá do outro lado limpo e brilhante a cheirar bem e com aspecto novo, mesmo que subsistam alguns riscos e "cicatrizes" de factos passados. Mas, claro, como em tudo na vida, este sucesso dependerá da qualidade e afinação da máquina, da competência do operador e da vontade e força de vontade do próprio.

Há escolhos, dificuldades, obstáculos e crises. Mas há nós próprios, e é isso que temos de dizer aos adolescentes, caso contrário afirmar-nos-emos enquanto adultos como fracassados e falhados, o que, convenhamos, não será bom, nem para a nossa imagem, nem para o modelo que devemos ser (e que somos) para eles. 

O autor é médico e professor de Pediatria

terça-feira, 25 de junho de 2013

NOTÍCIAS MAGAZINE: «O teu namorado de 16 anos não é nervoso, é uma besta»

Porque a Violência no Namoro existe...



O teu namorado de 16 anos não é nervoso, é uma besta

«Enviar-te 35 mensagens durante o dia a dizer que te ama e a perguntar onde estás não é uma prova de amor. É uma prova de que ele é um controlador e que, se tu deixas que ele o faça e não pões um travão a tempo, a coisa só vai ter tendência para piorar ainda mais.

Fazer-te perguntas sobre dinheiro não é indício de estar atento aos tempos difíceis em que vivemos, e reflexo de uma educação de poupança. Falar muitas vezes disso indica, isso sim, que um dia ele vai querer controlar o teu dinheiro. Aliás, se dependesse dele, era ele que geria já a tua mesada. Quanto gastas. Quando gastas. Em que gastas. Quando deres por ti, estarás a pedir-lhe autorização para comprar coisas para ti.

Pedir a password do teu e-mail ou da tua conta de Facebook não é sinal de que vocês nada têm a esconder um do outro. Não é sinal de que, entre vocês, tudo é um livro aberto. Mesmo que ele insista em dar-te a password dele. Isso é um sinal de desconfiança permanente. E um passo grande para o fim da tua privacidade. Sabes o que é privacidade, certo? É uma zona tua, onde mais ninguém entra. A não ser que tu queiras.


Os comentários sobre a roupa que usas
ou o novo corte de cabelo não revelam um ciuminho saudável. Revelam que é ciumento. Ponto. Pouco lhe importa se tu gostas daquele top, daqueles calções ou daquelas calças apertadas. Entre os argumentos usados, talvez ele diga que já não precisas de te vestir assim, porque isso atrai a atenção de outros rapazes e tu já tens namorado. Se não fores capaz de lhe dizer, na altura, que te vestes assim porque te apetece, não para lhe agradar, pensa que este é o mesmo princípio que leva muitas sociedades a obrigar as mulheres a usar burka... Não é exagero. Controlar o que tu vestes é exatamente a mesma coisa.


Perguntar-te a toda a hora quem é que te telefonou ou ver o teu telemóvel, à procura das chamadas feitas e atendidas e das mensagens enviadas e recebidas não é um reflexo de pequeno ciúme. É um sinal de grande insegurança. Faças tu o que fizeres, dês tu as provas de amor que deres (na tua idade, o amor ainda tem muito para rolar, mas tu perceberás isso com o tempo), ele sentirá sempre que é pouco. E vai querer mais, e mais. E tu terás cada vez menos e menos.


Apertar-te o braço com mais força num dia em que se chatearam e lhe passou qualquer coisa má pela cabeça não é um caso isolado e uma coisa que devas minimizar porque ele estava nervoso. Aconteceu daquela vez e é muito, muito, muito provável que volte a acontecer. Um dia ele estará mais nervoso. E a marca no teu braço será maior. E mesmo que ele «nunca tenha encostado um dedo» em ti, a violência psicológica pode ser tão ou mais grave do que a física.


Gostar de ti mas não gostar de estar com os teus amigos não é amor. É controlo. E é errado. O isolamento social é terrível.Continuar a telefonar-te insistentemente depois de tu teres dito que queres acabar a relação, ou encher-te o telemóvel com mensagens a pregar o amor eterno, não significa que ele esteja a sofrer muito. Significa, sim, uma frustração em lidar com a rejeição. E se pensares em voltar para ele, pensa que da próxima vez que isso acontecer ele vai telefonar-te mais vezes. E enviar-te mais mensagens.


Guardares estas coisas para ti não é um sintoma da tua timidez. Não quer dizer que sejas reservada. É uma estratégia de defesa tua. E um pouco de vergonha, à mistura, não é? E que tal partilhares isso? Ficarias espantada com a quantidade de amigas tuas que passam por situações semelhantes.


Talvez a sua filha não leia isto. Mas que tal mostrar-lhe a revista, para ela pensar um pouco?»

Contactos úteis:

PSP

GNR

PJ  

Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV)







APAV - Serviços centrais de Sede
Rua José Estêvão, 135 A, Pisos 1/2
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Serviços de Sede no Porto
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REDE NACIONAL DE GABINETES DE APOIO À VÍTIMA
(Os horários de atendimento estão sujeitos a sofrer alterações.)
 
GAV ALBUFEIRA
Posto da GNR de Albufeira
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Dias úteis: 10H00-12H30 / 14H00-17H30
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GAV FARO
Rua Dr. José de Matos, 14 A, 1º Piso
8000 - 504 FARO
tel 289 820 788 | fax 289 820 787
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Dias úteis: 10H00-12H30 / 14H00-17H30 
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GAV LISBOA
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1150-201 LISBOA
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Dias úteis: 10H00-13H00 / 14H00-17H30
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GAV LOULÉ
Posto da GNR de Loulé
Travessa Charles Bonnett
8100 LOULÉ
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apav.loule@apav.pt
Dias Úteis: 14H00-18H00
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GAV ODIVELAS
Av. Amália Rodrigues, 10-A
Urbanização da Ribeirada
2675-623 ODIVELAS
tel 21 932 83 82 | fax 21 932 83 82
 
apav.odivelas@apav.pt
Dias úteis: 14H00-17H30
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GAV PONTA DELGADA
Rua do Mercado, 57
9500-326 PONTA DELGADA
tel 296 285 399 | fax 296 304 799
 
apav.pontadelgada@apav.pt
Dias úteis: 9H30-12H00 / 13H00-17H30 (+1 hora que no continente)
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GAV PORTIMÃO
Esquadra de Portimão da PSP
Av. Miguel Bombarda
Edifício da PSP
8500-299 PORTIMÃO
tel 282 484 407 | fax 282 484 408
 
apav.portimao@apav.pt
Segundas, Quartas, Sextas: 14H00-18H00
Terças, Quintas: 9H00-13H00
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GAV PORTO 
Centro de Recursos Sociais da Câmara Municipal do Porto 
Rua da Fábrica Social, 17, 1.º Piso 4000-201 PORTO
tel 22 550 29 57 | fax 22 550 29 59
apav.porto@apav.pt
 

Dias úteis: 10H00-13H00 / 14H30-18H00
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GAV SETÚBAL
Edifício do Tribunal de Família e Menores de Setúbal
Rua Manuel Livério
Edifício Esplanada
2900-106 SETÚBAL
tel 265 534 598 | fax 265 534 598
 
apav.setubal@apav.pt
Dias úteis: 9H30-12H30 /13H30-16H00
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GAV TAVIRA
Esquadra de Tavira da PSP
Av. Comunidade Lusíada
Atalaia
8800-397 TAVIRA
tel 281 320 592 | fax 281 325 473

Fundação da Juventude
Rua Maria Aboim nº 1
8800-405 TAVIRA
tel|fax 281 325 763

apav.tavira@apav.pt
Dias Úteis: 9H00-13H30
Quartas: 14H30-17H00
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GAV VILA REAL
Governo Civil de Vila Real
Largo Conde de Amarante
5000-529 VILA REAL
tel 259 375 521 | fax 259 375 521
 
apav.vilareal@apav.pt
Dias úteis: 10H00-12H30 / 14H00-17H30
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segunda-feira, 24 de junho de 2013

Sobre a problemática da Fuga de Adolescentes

Participação de Manuel Coutinho no programa Linha da Frente sobre Fuga de Adolescentes 

O Dr. Manuel Coutinho (IAC - Instituto de Apoio à Criança) esteve presente no Programa Linha da Frente (RTP), no dia 20 de Junho de 2013, abordando a problemática da Fuga de Adolescentes.

Poderá ver o programa aqui.

DESAFIO NuBE: Decida que Segunda-Feira vai ter!

A Segunda-feira deve ser o dia da semana menos gostado. Talvez pelo início de mais uma semana de trabalho, após uma visita ao fim-de-semana.

No NuBE acreditamos que os dias são o que fazemos deles: se acreditarmos que vai ser um dia péssimo, estaremos mais predispostos a ver o nosso dia mais negro e a vivenciarmos um dia miserável. Acreditamos que o contrário também sucede. 


Assim, para o nosso desafio de hoje propomos-lhe o seguinte:

Imagine, visualize, diga a si próprio que situações felizes irão povoar esta sua Segunda-feira. 
Acredite que você acordou cheio de energia, com um sorriso brilhante a embelezar o seu rosto. Afinal, não importa o que aconteça, o seu dia vai ser positivo, a maioria (para não dizer todas) das suas vivências serão felizes. 

O tempo está lindo e quente! Vai ser excelente almoçar numa esplanada ou ir caminhar um pouco num parque durante a hora de almoço. Vai ser óptimo, quando sair do trabalho e se encontrar com um/a amigo/a para um café antes de regressar a casa. Ou, quem sabe, dar um saltinho à praia, nem que seja para passear um pouco à beira-mar.


Seja feliz! Sorria muito! Conte-nos o seu dia, por mensagem ou via email:
nube@bussoladideias.pt

Imagens retiradas da internet.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Novas actividades do NuBE!

Estão abertas as inscrições 
para as novas actividades do NuBE!!!




















Inscreva-se já!!!

Para mais informações, contacte:

 
NuBE - Núcleo de Bem-Estar
Bússola D'Ideias - Centro Pedagógico
Rua da Nau Catrineta, Lote 3.06.01.F
Parque das Nações Sul
1990-183 Lisboa
Tlf. 216 007 211
nube@bussoladideias.pt

Atividades de Verão - Escrita Criativa

Estimular o gosto pela leitura e escrita junto dos jovens é o que a Bússola D' Ideias em parceria com a Academia Virtual das Letras se comprometem a transmitir neste verão.

O programa completo tem a duração de duas semanas, para jovens entre os 8 anos e os 17 anos


Inscrições abertas.

PÚBLICO: «Observatório revela dados que provam impacto da crise na saúde»

Observatório revela dados que provam impacto da crise na saúde

In Jornal Público

Por


«O Relatório de Primavera 2013 apresenta alguns indicadores preocupantes sobre os efeitos da crise, como o aumento de tentativas de suicídio e de casos de depressão e dificuldades de acesso a cuidados de saúde.

Casos de depressão e de tentativa de suicídio aumentaram (por Nuno Ferreira Santo)
No relatório do ano passado, os especialistas do Observatório Português do Sistema de Saúde (OPSS) alertavam para um “país em sofrimento”, com indícios de racionamento que estaria a dificultar o acesso dos portugueses a cuidados de saúde. No deste ano, o documento estratégico desmascara as “duas faces da saúde”, confrontando a “versão oficial” com dados e estudos disponíveis sobre a “experiência real das pessoas”. Um dos estudos mostra, por exemplo, que, entre uma amostra de idosos com mais de 65 anos, residentes em Lisboa, cerca de 30% deixaram de utilizar alguns recursos de saúde por não poderem comportar os custos. Outro fala num aumento de 47% de tentativas de suicídio e de 30% dos casos de depressão registado numa unidade local de saúde.
Pela primeira vez, o Relatório da Primavera (que já vai na 14.ª edição) não faz a tradicional análise dos indicadores oficiais sobre o desempenho do SNS, com análises sobre os tempos de espera e outros dados. “Face à contínua lacuna de conhecimento, causa directa da inexistência de uma monitorização por parte do Ministério da Saúde, e perante o nível de análise dos dados dos serviços de saúde (cujos resultados não parecem indicar qualquer efeito da crise na saúde), o OPSS optou por recorrer a outros níveis de evidência”, avisam.

Além de estudos internacionais e outros trabalhos de investigação, os especialistas do OPSS fizeram também uma recolha de dados da sua responsabilidade. Há, por exemplo, os resultados de um questionário realizado em 2013, pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), abrangendo uma amostra de 1252 idosos (com mais de 65 anos) da Área Metropolitana de Lisboa, que revelam que “cerca de 30% responderam que já deixaram de utilizar alguns recursos de saúde por não poderem comportar os custos, sendo que, destes, cerca de 60% referiram a consulta particular, 48% a medicina dentária, 47% referiram a aquisição de óculos e aparelhos auditivos e 25% serviços públicos de saúde de primeira necessidade”.

No capítulo da “Saúde Mental e Suicídio, Evidência Nacional”, constata-se que, “em Portugal, não são conhecidos estudos que avaliem o impacto da crise na saúde mental das pessoas”. Porém, baseados nos registos dos médicos de família de uma unidade de saúde local sobre os casos de depressão e de tentativas de suicídio, os especialistas apresentam alguma evidência sobre a evolução deste indicador. “Na Unidade Local de Saúde do Alto Minho verificou-se, de 2011 para 2012, um acréscimo no diagnóstico de depressão de 30% para os homens e 31% para as mulheres. Já relativamente aos registos de tentativas de suicídio, e no mesmo período, verificou-se um acréscimo de 35% para os homens e 47% para as mulheres”.
O Relatório de Primavera 2013 tem uma capa com três pessoas sentadas na rua, junto a uma parede pintada com muitos pontos de interrogação, e tem um título: Duas Faces da Saúde. A explicação dos autores é simples: de um lado, temos um mundo “oficial, dos poderes, onde, de acordo com a leitura formal, as coisas vão mais ou menos bem, previsivelmente melhorando a curto prazo”. Esse será, segundo o OPSS, uma das actuais faces da saúde em Portugal. Mas há outra. Apresenta-se assim o mundo “da experiência real das pessoas, em que temos empobrecimento, desemprego crescente, diminuição dos factores de coesão social, e também uma considerável descrença em relação ao presente e também ao futuro, com todas as consequências previsíveis sobre a saúde”. Tal como no ano passado, os especialistas do OPSS continuam reféns de um país em crise e das consequências que isso tem ou pode ter na saúde dos portugueses.
O que pretendem oferecer com o Relatório de Primavera é algo que consideram essencial para o futuro do SNS e que, sublinham, o Governo ainda não conseguiu dar a conhecer: um diagnóstico oficial, “a partir do qual seja possível organizar no terreno uma resposta adequada aos efeitos da crise na saúde”.
No diagnóstico, o OPSS constata que os cortes orçamentais são superiores ao exigido pela troika e — tal como em anos anteriores — insiste na crítica sobre a “ausência de estratégia de resposta às consequências da crise na saúde da população”. “Previa-se uma redução da despesa total em saúde de 710 milhões de euros, superior aos 550 milhões necessários para implementar as medidas da troika. Porquê e para quê? Qual o impacto nas instituições e níveis de prestação de cuidados de saúde, nos doentes/cidadãos e nos profissionais?”, questionam.
O documento dá ainda destaque ao aumento das taxas moderadoras, concluindo que os valores referidos no Memorando de Entendimento enquanto fonte de financiamento “não se constituem como tal e o seu aumento poderá ser uma verdadeira barreira de acesso aos cuidados de saúde”. Há ainda capítulos dedicados às áreas dos cuidados de saúde primários e dos cuidados paliativos. Os especialistas defendem que não foi cumprida a intenção de melhorar a rede e investir nos modelos de Unidade de Saúde Familiar e sobre a oferta aquém das necessidades nos cuidados paliativos, apresentam dados: “Existe em Portugal uma equipa de cuidados paliativos domiciliários por cada 750.000 a 1.170.000 habitantes, sendo que as recomendações da EAPC [European Association for Palliative Care] (2009) são de uma equipa por 100.000 habitantes”.
Pontos positivos
Na análise da governação durante o último ano — com registo da diminuição do poder de compra, aumento do desemprego, da recessão, da dívida externa, aumento da depressão, da taxa de tentativa de suicídio, de mortes prematuras e de crimes contra terceiros e património — também há aspectos positivos a realçar. “À luz do programa de ajustamento, foi possível adoptar medidas que contribuíram para influenciar favoravelmente uma gestão mais eficiente dos recursos disponíveis para a área da saúde”, diz o relatório. E nota que, “na política do medicamento, verifica-se que a efectiva baixa de preços que se tem observado contribuiu para uma ligeira diminuição dos encargos dos utentes com medicamentos”. O relatório avalia de forma positiva “o alargamento dos programas de vigilância da saúde e das doenças crónicas, os rastreios oncológicos, e o alargamento e melhoria dos cuidados domiciliários” e ainda a continuidade de produção de Normas de Orientação Clínica. O relatório é apresentado nesta terça-feira na Fundação Gulbenkian numa sessão que vai contar com o ministro Paulo Macedo.»

Click para aceder ao "Relatório Primavera 2013" do OPSS - Observatório Português dos Sistemas de Saúde.


A crise tem, efectivamente (e como não poderia deixar de ser), influência no estado de Saúde dos Portugueses, tanto física como mental. Algo já defendido pela Ordem dos Psicólogos Portugueses, a 22 de Maio de 2013 e a 28 de Maio de 2013.

Não é difícil compreender o porquê.
O ser humano funciona numa pirâmide de necessidades: a Teoria das Necessidades de Maslow



Ou seja, o ser humano necessita, antes de mais, de prover as suas necessidades mais básicas - fisiológicas (por exemplo, dormir, respirar, alimentar-se, etc.) e de segurança (por exemplo, segurança ao nível do emprego, dos recursos, da família, da saúde, etc). Quando estes tipos de necessidades estão mantidos, o ser humano passa a necessitar de se relacionar amorosamente e de promover relacionamentos sociais (amor e relacionamento), a ter necessidades de estima, de realização pessoal (desenvolver actividades criativas, tal como ir a concertos musicais ou outros eventos culturais, por exemplo).

Com a crise económica que tem assolado o nosso país, as necessidades de segurança (e mesmo as fisiológicas) têm vindo a ser fortemente abaladas. Quantas famílias não têm o que comer, não têm qualquer segurança ao nível da manutenção do emprego (claro está, os que não o perderam ainda), estão em vias de não poderem prover as necessidades das suas famílias, se encontram em risco de perderem os tectos e as paredes que os protegem. 

E quantos não entraram em desequilíbrio e não conseguem manter equilibradas as suas necessidades de segurança ao nível da saúde, seja por não terem forma de pagar a medicação e as consultas de que necessitam, seja por terem entrado em situação de desequilíbrio emocional (estados depressivos e situações exacerbadas de stress) em virtude de não verem saídas viáveis da situação de crise económica em que se encontram, de terem perdido a esperança de que a sua situação vá melhorar.

E assim surgem os suicídios e as tentativas de suicídio, associados de forma indelével aos estados depressivos. 

Ter consultas de Psicologia é uma mais-valia, um investimento nos dias de hoje, pois permite limitar estas situações, assim como as consequências da crise na saúde.

E é para isso que existe o NuBE - Núcleo de Bem-Estar!
Cuide da sua Saúde! Fale connosco! Estamos cá para o ajudar!


NuBE - Núcleo de Bem-Estar
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